Ártemis (gr. Ἄρτεμις) é, de certa forma, a versão feminina de Apolo, seu irmão gêmeo. Apesar de ser primariamente uma deusa da caça e da vida selvagem, era também associada ao parto e à lua, coisas ligadas respectivamente a rituais de fertilidade e à magia.
Origem
Ártemis é citada nas tabuinhas micênicas em linear B (Pilos, séc. -XIII) e, com o tempo, incorporou os atributos de diversas divindades muito antigas, provavelmentepré-helênicas, como Selene, a deusa da lua, Hécate, Ilítia e Ortia, uma deusa do nascimento cultuada na Lacônia. Por ser também uma deusa da caça, é possível até que tenha sido adorada nessa forma durante o Paleolítico, época em que a caça estave no apogeu.
As relações com a deusa-mãe da Ásia Menor, "senhora dos animais", e com as deusas minóicas são evidentes e igualmente muito antigas. Sua helenização, portanto, não foi completa — na Ilíada, por exemplo, Homero se refere a ela como senhora dos animais (Il.21.470). É interessante notar que mais tarde, durante o Período Arcaico, o culto à deusa Cibele (uma "senhora dos animais" de origem puramente anatólica) se tornou muito popular em toda a Grécia, paralelamente ao culto de Ártemis.
Para os gregos, Ártemis era filha de Zeus e de Letó, filha do titã Ceos, e o primeiro mito de que participou foi o do próprio nascimento, pois ajudou o parto de Apolo assim que saiu do útero de Letó.
A virgem caçadora
Ártemis usava o arco tão bem quanto Apolo e era capaz de provocar, com suas flechas, a morte súbita nas mulheres. Eternamente virgem, seu único prazer era a caça; vivia sozinha nos bosques com as ninfas e os animais selvagens.
Na maioria das lendas de que participa, como por exemplo a de Níobe, a do javali de Cálidon e a de Ifigênia, aparece como uma deusa suscetível e vingativa. Preservava também ciosamente sua intimidade e a castidade das ninfas que a seguiam, como fica evidente pelas lendas de Órion, Calisto e Actéon.
Órion (gr. Ὠρίων), filho de Posídon, era um gigantesco caçador que se apaixonara por uma das ninfas — ou pela própria deusa, conforme a versão — e morreu devido à mordida de um escorpião enviado por Ártemis. Em uma variante da lenda, Órion perseguiu as Plêiades e, assim como elas, acabou transformado em constelação.

Actéon era filho de Aristeu e de Autônoe e, portanto, neto de Apolo e sobrinho-neto de Ártemis. Ao caçar na floresta, Actéon viu acidentalmente Ártemis em seu banho. A deusa o transformou imediatamente em veado e atiçou seus próprios cães contra ele. Os animais, incapazes de reconhecer o dono, atacaram e devoraram o azarado caçador.
Iconografia e culto
Nas representações arcaicas e clássicas, Ártemis era uma moça bela e severa, em trajes de caça, armada de arco e flecha e muitas vezes acompanhada de animais (uma corça, habitualmente).
Embora fosse cultuada em toda a Grécia, seus santuários mais importantes ficavam em Brauron (Ática), Esparta, Perga e Éfeso, onde o templo a ela dedicado foi considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo.
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